Espírito Santo: força ou influência cheia de sentimentos pessoais?
*Por Pastor Wilson do Amaral
É interessante observar na Bíblia como o Espírito Santo, tido por alguns como a “força” ou “influência” (uma força impessoal ou mera energia ativa) de Deus, manifesta tantos e notáveis sintomas pessoais, até se ofendendo algumas vezes e em outras se entristecendo. Como poderia expressar sentimentos que somente pessoas (ou seres conscientes) expressam?
Na meditação matinal adventista de 27 de outubro de 2010, o autor Rubem M. Sheffel discursa sobre esses sintomas do Espírito de Deus dizendo que em sua terceira viagem, ao passar por Éfeso, Paulo encontrou cristão que jamais tinham ouvido sobre o Espírito Santo. Disse ele que alguns comentaristas presumem que fosse o caso desses cristãos serem discípulos de João Batista, que dizia que batizava com água, mas que viria um depois dele que batizaria com o Espírito Santo. Esses teriam se mudado para Éfeso. Outros comentaristas, porém, preferem crer que eram discípulos de Apolo, pelo que conheciam o Espírito Santo por nome, mas não sabiam bem do que se tratava.
Todavia, independente de sua origem cristã, eles tinham sido batizados com água em demonstração de arrependimento, estando também a viver corretamente, más sem ter ainda experimentado a justiça, a paz e a alegria providas pelo Espírito Santo (Rm 14:17) que lhes pertenciam, conforme comentário extraído da publicação SDA Bible Commentary, v. 6. 372.
Tal não seria o caso nos dias atuais, quando dificilmente se encontraria algum cristão que não tivesse ouvido falar do Espírito Santo. Contudo, muitos têm conceitos deturpados a respeito, pensando tratar-se de uma “força” ou “influência” em vez de uma pessoa, embora as Escrituras ofereçam evidências contundentes da personalidade do Espírito Santo. Em Atos 5:3 Ananias e Safira mentiram para Ele. Não é possível mentir para algo que não tem consciência, como não se pode mentir para o calor do sol, que é uma força, porque esse calor não tem inteligência, por isto não pode ser enganado. E fica claro no versículo seguinte que o Espírito Santo é Deus, pois disse: “Não mentiste aos homens, mas a Deus”. V. 4.
Em Atos 13:2 o Espírito chega ao ponto de falar (e forças não falam), onde diz: “Disse o Espírito Santo: Separai-me agora Barnabé e Saulo para a obra que os tenho chamado”. Não é costume citar palavras de seres impessoais, porque seres impessoais não falam. Aliás, nem existem seres impessoais, pois para ser tem que ter consciência de que se é. O que não tem consciência não é ser. Neste caso, o próprio Espírito Santo é quem chamou, sendo então detentor de personalidade, o que é pessoa.
Além do mais, o Espírito Santo tem mente e vontade (Rm 8:27), o que só pessoas têm porque pensam e forças não pensam. O Espírito Santo recebe o trato de Ele, um pronome pessoal (Jo 16:14; Ef. 1:14), além que é citado entre outras pessoas, inclusive com atribuição de ensinar os outros, como em Lucas 12:12. Forças e influências não têm poder de ensinar, porque para ensinar é preciso ter entendimento. O espírito Santo tem conhecimento e pode investigar até as coisas de Deus (I Co 2:10 e 11). Além do mais, Ele convence (Jo 16:8; Gn 6:3) e para convencer é preciso argumentar, para o que também é preciso raciocinar. O Espírito Santo impede (At 16:6,7), concede, permite (At 2:4), administra, distribui (I Co 12:11), fala (At 10:19) 13:2; Jo 16:13) e toma decisões (I Co 12:11). O que poderá tomar decisões se não tiver inteligência e autonomia para tal? Além disso, Ele também guia (Jo 16:13; Gl 5:18), anuncia e pode ser entristecido (Ef. 14:30).
Poderia um telefone se entristecer? Se o Espírito Santo fosse força ou influência, Ele seria um meio de Deus, como o telefone, por exemplo, através do qual podemos instruir outras pessoas, mas o telefone não se entristece se a pessoa não segue a orientação que lhe demos. Entretanto, o Espírito Santo se entristece. Muito além disso, porém, Ele também intercede (Rm 8:26 [coisa de quem tem amor, o que só pessoas têm]); Ele chama (Ap 22:17), procura (I Co 20:10) e agrada-se (At 15:28). Nenhuma força impessoal tem capacidade de agradar-se ou desagradar-se. E o Espírito Santo ainda pode ser tentado pelo homem (At 5:9), mas sem ceder à tentação; além que pode ser difamado e blasfemado (Mt 12:31, 32).
Uma “força” ou “influência” não tem como possuir tais características porque somente pessoas, por serem pensantes e terem entendimento, os têm.
A propósito, se o espírito Santo não é uma pessoa e, por conseguinte, não é Deus, como o Pai e o Filho, como poderia então alguém pecar contra o Ele (Marcos 3:29), se pecados somente se pode cometer contra alguém a quem se pode contrariar e decepcionar? Ou seria que todas essas passagens também foram adulteradas? Entretanto, se partes da Bíblia foram adulteradas, quais seriam as autoridades confiáveis para nos dizer quais não foram?
Sendo assim, o Espírito Santo é Deus, sendo com o Pai e o Filho uma unidade de três pessoas de comum propósito, sendo a Trindade.
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